André François

Realiza documentários fotográficos há 30 anos

CONFIRA A ENTREVISTA:

Como funciona o projeto que conecta pacientes internados por Covid-19 a familiares e amigos?

Para chegar nas atividades que temos hoje no Conexões do Cuidar, preciso compartilhar de que maneira o projeto surgiu: eu realizo trabalhos documentais sobre saúde no Brasil e no mundo há 15 anos. E minha motivação, mesmo antes da pandemia, diz respeito a fotografar sobre a humanização do cuidar, de mostrar o quão é importante a conexão e união entre as pessoas, principalmente nos momentos mais difíceis. Vendo o atual cenário e o trabalho incrível das equipes de saúde no front para combater o vírus, não tinha como não me envolver e documentar esse ato heroico e histórico na saúde. O registro agora faz parte do projeto documental dos meus últimos 13 anos, Ubuntu – Eu sou porque nós somos, que será lançado em 2021 e mostra o poder do Nós em vários países por onde viajei.

Nestas idas aos hospitais, umas das coisas mais impactantes e tristes que presenciei durante a cobertura foi o isolamento dos pacientes. Vi a dor daqueles que lutavam pela vida longe de seus familiares. Vi pacientes morrerem mais cedo por se sentirem abandonados e desistirem da luta pela vida. Com essa vivência tão intensa, nasceu o Conexões do Cuidar, projeto idealizado pela minha ONG, ImageMagica, que tem como missão promover o desenvolvimento humano utilizando a fotografia como ferramenta.

O projeto é realizado em duas frentes: as visitas virtuais, em que nossa equipe de educadores, acompanhada pelo time de enfermeiros e psicólogos dos hospitais, realiza videochamadas entre pacientes em isolamento e seus familiares com smartphones próprios da ONG; e os crachás humanizados, em que consiste em produzir retratos grandes dos profissionais de saúde e imprimir em um modelo de crachá maior que o convencional, para que tanto seus colegas de trabalho quanto os pacientes consigam vê-los por trás da paramentação.

Para o senhor, qual a importância das Santas Casas e hospitais filantrópicos antes e após/durante a pandemia?

A importância de instituições como essa sempre foi imensa na área da saúde no Brasil. E, agora na pandemia, está sendo fundamental para salvar muitas e vemos isso de perto com a atuação do Conexões do Cuidar em algumas destas instituições.

Na sua opinião, quais são os principais problemas enfrentados durante as visitas realizadas nos hospitais?

Em nossa experiência com o projeto não encontramos de fato problemáticas que impactaram nossa atuação, mas claro que passamos por alguns desafios para melhorar a experiência destas visitas. Nossa equipe se adequa às regras de cada instituição, já que cada uma delas tem um procedimento próprio para receber projetos externos, principalmente nesse cenário.
E, claro, toda a preocupação com a segurança e a saúde da nossa equipe é sempre nossa prioridade, sempre atentos em proporcionar todos os equipamentos de proteção, consulta médica, entre outros.

O que o senhor abordará em sua palestra no Congresso?

A importância da conexão humana. Nesta palestra apresentarei sobre o meu projeto mundial, Ubuntu, com a perspectiva da cobertura do Covid. Esse projeto mostra a importância do nós, de ter um olhar mais carinhoso para o outro. A pandemia nos coloca em uma situação de reflexão enquanto humanidade: independente de crenças e fronteiras, os desafios que o coronavírus impôs nos uniu e nos tornou uma coisa só.

PALESTRA DE ABERTURA
“EU SOU PORQUE NÓS SOMOS”
07 DE JUNHO DAS 08H45 ÀS 9H45